CASTELO, SÉ E ALFAMA

O MUITO CONCORRIDO ELÉTRICO Nº28 AINDA É A MANEIRA MAIS TÍPICA E LISBOETA DE COMEÇAR ESTA ‘CORRIDA’ QUE DEPOIS, A PÉ, DO ALTO DO CASTELO DE S. JORGE NOS VAI LEVANDO LISBOA ABAIXO PELOS CAMINHOS DA SÉ ATÉ AOS LABIRINTOS DE ALFAMA COM CHEGADA AO RIO TEJO.

Nada como as muralhas de S. Jorge, como um miradouro com vista de 360 graus, para entender a dimensão da cidade, a forma como o antigo se mostra e o novo se põe em bicos de pés a levar a cidade para o futuro. Entre pracetas e ruelas se vai descendo até ao Largo de Santa Cruz, onde mora a Fundação Ricardo Espírito Santo e as suas artes de manter o velho em cristalino estado e uma vista de se lhe tirar o fôlego nos apresenta essa Alfama onde as casas se amontoam a ver qual chega primeiro à água.

Sem o 28, é bem capaz de se revelar uma canseira começar a subir para terminar a descer. Fora a dor nas pernas, o efeito n os sentidos é o mesmo. A roupa seca à janela a sorrir ao sol, ruas e passeios de tão empedrados no saber de ofício da calçada portuguesa vão-se misturando até se confundirem e a solenidade da Sé insiste há séculos infindos e por diversas mãos a se mostrar despojada de artifícios e embelezamentos, que nisto da reza não há distração que perturbe o lisboeta devoto.

Pelo meio há tascas, petisca-se e bebe-se o ‘penalty’, o’gnr’ ou a imperial, aqui e ali, ainda algo enrameladas, espreguiçam de dia as casas de fado que hão-de tomar a noite a seu cargo, há restaurantes para todas as bolsas e comércio para todos os gostos. Mas o que estes bairros têm em fartura é… vida. Falam alto, na rua ou entre janelas, cantam e dançam nas festas populares, celebram os seus santos com arquinho, balão e sardinha, cochicham e alcovitam a acompanhar o percurso do visitante até ao rio. E no final, ao Largo do Chafariz de Dentro, o maravilhoso Museu do Fado é a banda sonora da viagem. E um bom lugar para recomeçar o passeio, para quem tem pernas e tempo. Coisas da alma, que sem ela não há Lisboa para ninguém.

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