AVENIDAS NOVAS E LISBOA NORTE

ALI FICAVA O ‘CAMPO’, ESPAÇO DE VERANEIO NOBRE, DE QUINTAS SEM FIM À VISTA. LISBOA DEMOROU DÉCADAS A RECLAMÁ-LO PARA SI, A ENCHER A TERRA DE AVENIDAS LARGAS, DE BAIRROS COESOS, UNIDOS POR UMA ARQUITETURA QUE BUSCA NOS EDIFÍCIOS A DURABILIDADE DOS CASTELOS.

As Avenidas Novas passaram de batatas plantadas e palácios semeados a artérias funcionais onde as casas insistem em permanecer inalteradas, mesmo que a vista não tire o fôlego a quem quer que seja. Se a Avenida da República parece atolada em escritórios, há primorosos detalhes de arquitetura sob a forma de vivendas premiadas a pontuar os caminhos. É um espaço difícil de catalogar, tal a vastidão e a variedade da oferta. E não é de bom tom que a proposta se resuma a um passeio pedestre…

Mesmo assim deixa diferentes marcas a quem tenta a viagem pedonal. A sumptuosidade da Praça de Touros do Campo Pequeno, que fervilha de vida comercial e gastronómica no seu espaço subterrâneo, o caminho que do Parque Eduardo VII chega sem pressa a Palhavã e revela a Mesquita de Lisboa e, que nem um farol, a Fundação Calouste Gulbenkian, os seus inigualáveis jardins e um museu impressionante, devaneio de um homem só que, tal como o visitante, se perdeu de amores por Lisboa e percebeu que a vida dele não fazia sentido em nenhum outro lugar.

Seguindo em frente, que isto de avenidas implica não rumar noutra direção, um delicioso bairro de casas largas e vida prazenteira, Alvalade de seu nome, que agora abre a vida de família que melhor descreve as suas ruas a novas propostas de comércio e entretenimento.

Outros bons exemplos nesta Lisboa mais a Norte são o renascido Jardim do Campo Grande e a freguesia de São Domingos de Benfica, esta última a provar como Lisboa até consegue, se fizer esforço para tanto, transformar os ‘dormitórios’ urbanos em alternativas de cidade. E recheia-se de ‘ases’, do azulejado Palácio dos Marqueses de Fronteira ao sempre acolhedor Jardim Zoológico. Só lhe falta um elétrico e poder viajar ao sol de janela aberta para poder apontar a dedo o muito que é bom e não se vê do metropolitano…

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