RESTAURANTE GARDENS: UM FAROL NO LUMIAR

No Clube de Golfe do Lumiar, em Lisboa, há um restaurante que aposta em ser um farol da gastronomia. E para lá caminha…

Fica sobranceiro que nem um castelo, como o porto de abrigo do Clube de Golfe do Paço do Lumiar, num bairro de vivendas e há quem por lá se perde a caminho deste Gardens. O espaço decorativo tem a qualidade de ser requintado sem ofuscar o resto, da vista para o buraco 9 (essa metade da virtude golfista) à excelência da gastronomia. Em bando de amigos, o Paragem Obrigatória lá fez das suas em noite de chuvisco teimoso e frio a condizer e espreguiçou-se ao lugar.

O restaurante abre a contenda com quatro menus diferenciados, individuais ou em grupo, mas é de bom tom da nossa casa provar e partilhar. A abrir, destaquem-se os ovos verdes em ninho de batata doce, a salada ibérica e o queijo de cabra gratinado com compota de frutos silvestres. Há sempre requeijão à espreita, com um mix de pães em quartos a fazer do Gardens um antro de comida de conforto.

Os bons amigos começam por escolher o vinho. A carta é vasta, variada e muito interessante. A opção ganha foi a que nos levou ao Castelo de Alba, tinto de primeira água (que se nos perdoe o termo) a lembrar que a lista vinícola é exemplar e bem recheada de vinhos que saem vitoriosos nessa relação qualidade/preço. O Castelo de Alba Vinhas Velhas Grande Reserva 2014, produzido por Rui Roboredo Madeira, é um vinho a que não falta o devido equilibro, em que os frutos maduros e o carvalho dão o devido sabor a este portento de vinhas velhas e com um final de boca surpreendentemente longoequilibradono que toca a esse constante duelo entre qualidade e preço.

São precisos dedos em demasia para nos decidirmos sobre a ementa de comezaina. Do caril de sapateira ao linguini de lavagante, sem esquecer o arroz de perdiz. Trocámos as voltas ao menú e sem correrias escolhemos as Plumas de Porco Preto no Carvão e um Linguado Grelhado, ambos de impecável confecção e aprumada apresentação, que o serviço no Gardens está nas mãos de quem sabe e recomenda o que sabe como poucos. Uma nota pessoalíssima e entre amigos à mesa: se o linguado chegou à mesa em reconfortante temperatura, já as plumas deram ao prato algo amornadas. Podia ser culpa da noite fria, mas na raríssima ocasião em que a casa estava vazia de clientes a circunstância. Ou então ficou o porco preto à espera que o peixe atingisse a perfeição. Coisa de somenos.

Por falar na doçaria, o Gardens volta à ribalta com o Carpaccio de Abacaxi com raspas de  Lima e Gelado de Limão, o Cheesecake de Chocolate Jivara e a Tarte de Maracujá. E como um prazer nunca vem só, todo o doce teve por companhia e incentivo um perfeito Colheita Tardia 2011 da Casa Ferreirinha, de bela cor brilhante e tons palha e aromas de onde sobressaem maracujá, um toque de melão e abacaxi em calda, tudo fruto tropical e maduro. E como é natural nos vinhos de colheitas tardias, outros aromas se fazem sentir, do ligeiro sinal de marmelada à laranja confitada. Antes do elegante final, a indispensável acidez subtil dos açúcares. Afinal, este é um vinho perfeito para acompanhar sobremesas e as elevar a outro patamar. E não é vinho que sempre se encontre. E assim se fechou a festa.

E quem sabe se para a próxima os amigos se atiram a uma almoçarada e trazem consigo os tacos de golfe, que o Gardens também gosta de servir de bar de descanso e resumir de estratégias entre abandeirados buracos.

RESTAURANTE GARDENS
Rua Formosinho Sanchez 79, Lisboa
Telf. 965 133 211
Seg a Sáb. 12h-16h e 19h-23h
Dom. 12h-16h
Preço médio 35€

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *