Às nove na Valdo Gatti?

À hora marcada fomos conhecer a nova pizzeria biológica do Bairro Alto. Saborosa, económica e, acima de tudo, muito acolhedora, leva-nos a suspeitar que voltaremos a dizer, entre amigos, “às nove na Valdo Gatti?”.

Abriu no passado mês de Junho, na Rua do Grémio Lusitano, e a afluência a uma quarta-feira é reveladora do entusiasmo por esta casa de ambiente familiar, batizada com o nome do tio avô de um dos sócios. Com a sala meio cheia e as temperaturas de Verão ainda a convidarem a jantar ao ar livre sentimo-nos tentados a escolher uma mesa no pequeno recanto com o céu a descoberto. Mas a agitação da sala principal, com a cozinha em exposição e o vaivém de simpáticos anfitriões de sotaque carregado e sorriso fácil, fez-nos desejar ficar no centro da ação.

Take one: compreender o conceito

Orientada pelos valores “toxic free” e “genuíno”, a carta da Valdo Gatti alia produtos nacionais naturais, como as hortícolas, as ervas aromáticas, o sal e o azeite bio, a ingredientes italianos DOP, como é o caso da charcutaria, da mozarela de búfala, da farinha semi-integral e dos queijos. Tudo isto é (bem) tratado por uma equipa maioritariamente italiana, orientada pelo maestro pizzaiolo Antonio Menghi, e cozinhado num forno de pedra giratória que combina gás e lenha proveniente da limpeza das florestas. O resultado divide-se em entradas quentes e frias, uma seleção de 12 pizzas de massa fermentada lentamente e com muito baixo teor de glúten, e sobremesas que tanto agradam aos gulosos como aos que se querem manter saudáveis. A acompanhar a tendência da sustentabilidade, os sumos são naturais e prensados a frio no momento, a água da torneira chega à mesa filtrada e o vinho é biológico e servido em garrafas reutilizáveis. Finalmente, e talvez o mais importante, o preço: a contrariar a ideia feita de que o que é biológico ou amigo do ambiente é também caro, as pizzas têm todas valores inferiores a 10€.

Take two: escolher e saborear

Para “abrir o apetite” podíamos escolher entre as saladas, a tábua de charcutaria e queijo, os pães de alho ou a mais aconchegante Parmigiana di melanzane (beringela no forno com mozzarela e tomate). Optámos por esta última e não nos arrependemos. Aliás, não fosse a curiosidade em conhecer o que se seguia, teríamos continuado com aquele prato, no pressuposto de uma versão “all you can eat”, e saímos dali felizes. Passámos então à escolha de uma pizza e ainda orientados pelo desejo de diversidade partilhámos a que tem toppings frescos e crus (abacate, tomate-cereja, rúcula, parmigiano e mozzarela), assinada pelo chefe como “Crudaiola Antonino”, e uma Funghi e Speck (tomate, gorgonzola azul, cogumelos e o tal presunto cru, levemente fumado). A massa era, como prometia, de rebordo crocante e com o centro mais macio. Os toppings generosos e plenos de sabor. Já sem muito “espaço” para mais escolhemos o inevitável Tiramisú, leve, bem equilibrado e na dose certa. Adiada para uma nova visita ficou a prova do Cioccolato, uma mousse de chocolate preto sem lactose e glúten. Para terminar com outra nota doce, mas mais digestiva, deram-nos a provar um limoncello com sotaque português. Produzido por amigos italianos da casa, com os melhores limões alentejanos, o Limontejo pareceu-nos reproduzir num pequeno cálice toda a filosofia da Valdo Gatti: uma feliz e saudável fusão do melhor dos dois países.

 

R. do Grémio Lusitano, 13, Lisboa

(+351) 213 471 601

Domingo a quinta, das 12:00 às 23:00; sexta e sábado, das 12:00 às 24:00

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