ENTRE A PAISAGEM RURAL E O URBANISMO MODERNO E MULTICULTURAL, O PATRIMÓNIO HISTÓRICO E A GASTRONOMIA, HÁ MUITO PARA DESCOBRIR EM LOURES.
A proximidade de Lisboa e a fertilidade das suas terras, a localização junto ao rio Tejo e os seus ares de campo traçaram a evolução de Loures, e de diversos dos seus territórios, como local de refúgio da capital do Reino e posteriormente da República. No presente, engloba duas cidades: Loures e Sacavém. Que é como quem diz, dois centros urbanos desenvolvidos e populosos, de forte caráter rural e agrícola, no primeiro caso, e industrializado, no caso do segundo.
Mas voltemos às origens. Com património conservado que remonta à ocupação romana, Loures surge referenciado como área limítrofe no foral concedido por D. Afonso Henriques à cidade de Lisboa, em 1148, sendo a partir desta data que se começa a constituir a sua importância histórica, enquanto refúgio próximo da capital dos nobres, bem como de abastecedora de diversos produtos, nomeadamente agrícolas e hortícolas.
MONUMENTOS E ARQUITETURA
Entre os edifícios de carácter religioso, no concelho de Loures, destacam-se as igrejas de Santa Maria de Loures (com destaque para a capela-mor barroca, os seus mármores embutidos e o retábulo de talha dourada), de São Tiago Maior (data do século XVI, com um interior rico de azulejos do século XVII), da Nossa Senhora da Purificação (século XVI, de arquitetura gótica, renascentista e maneirista) e o Convento de Nossa Senhora dos Mártires, construído no século XVI.
Membros da classe abastada decidiram construir as suas quintas e palácios em Loures ao longo da História, dotando a localidade de edifícios faustosos. Alguns dos edifícios de maior interesse histórico e turístico de Loures são disso prova: o grandioso Palácio do Correio-Mor, datado do século XVIII, da posse de Luís Gomes Elvas da Matta, figura de destaque no reinado de Filipe II; o setecentista Palácio dos Arcebispos, construído para albergar D. João V nas suas deslocações a Mafra, e a circundante Praça Monumental, exemplo máximo do Barroco na arquitetura portuguesa, que engloba a Igreja Matriz, a Fonte Monumental, considerada uma das mais belas do país, e o Aqueduto; a Quinta de São José, do século XVII, pertencente à Casa de Bragança, ou a Quinta da Francelha, também do século XVII.
ARTE E CULTURA
Mas Loures apresenta uma panóplia de espaços culturais que se espraiam desde a história e tradições do concelho à produção artística contemporânea.
A freguesia de Bucelas é conhecida pelos seus vinhos e o Museu do Vinho e da Vinha atesta a história desta tradição. A Quinta do Conventinho, construída no século XVI, é hoje a casa do Museu Municipal de Loures, servindo para exposições de índole histórica, arqueológica e etnográfica. A Fábrica de Loiça de Sacavém marcou a vida desta localidade desde 1856, chegando mesmo a empregar a quase totalidade da população sacavenense no início do século XX. A memória histórica desta indústria não desapareceu com o encerramento da Fábrica, e assim nasceu o Museu de Cerâmica de Sacavém, num edifício novo erguido nos terrenos da extinta Fábrica.
Também a produção artística contemporânea tem lugar de destaque na oferta cultural de Loures: as artes plásticas encontram o seu público nas galerias municipais Vieira da Silva e do Castelo de Pirescouxe, a primeira dedicada a exposições antológicas de artistas já mais consagrados e a segunda para artistas emergentes.
E por falar em emergente, a arte urbana tem na GAP – Galeria de Arte Pública, em Sacavém, um exemplo de referência. Esta que é considerada a maior galeria de street art da Europa alberga mais de uma centena de trabalhos de conceituados artistas, nacionais e estrangeiros, incluindo nomes como Bordallo II, Vespa e Vhils. A GAP conseguiu não só reabilitar a face de um bairro, como torná-lo um exemplo de referência da vitalidade desta forma de expressão artística.
NATUREZA E AR LIVRE
Já para os amantes da Natureza e do ar livre, a proximidade com o Tejo e as vastas áreas arborizadas que compõem a paisagem de Loures são terreno fértil para inúmeras atividades. O Parque Municipal do Cabeço de Montachique é um espaço de lazer com 32 hectares e equipado com polidesportivo, quatro campos de ténis, circuito de manutenção e parque de merendas, que atrai pela sua rica vegetação e o seu ar mais puro. Na Quinta dos Remédios, datada do século XVIII, dedicada à produção agrícola durante três séculos, desfruta-se hoje de uma das vistas mais bonitas para o rio Tejo, além do olival e da fauna do parque circundante.
GASTRONOMIA E VINHOS
Por fim, e não menos importante, o Município de Loures pode orgulhosamente gabar-se de incluir uma das zonas vitivinícolas mais conceituadas do país – a Região Demarcada de Bucelas.
Nesta localidade encontram-se diversas quintas dedicadas ao enoturismo, aptas a desvendar a produção de vinho, com visitas a vinhas, caves e adegas, e a proporcionar provas, almoços e até alojamento. E demonstrando as suas raízes saloias, a gastronomia de Loures compõe-se de sopas ricas, cozidos, feijoadas e comida de tacho, pronta a ser descoberta em restaurantes que honram sem pretensões a cozinha tradicional portuguesa. E como não há gastronomia local sem os seus representantes mais doces, os arrobes de arinto, os manjoeiros, o pão-de-ló de Loures e os arrepiados podem ser encontrados em diversas pastelarias do concelho.