“Inverno em Lisboa? Não me façam rir”, dirão todo os visitantes que chegam de países mais a norte e que não reconhecem nas nossas temperaturas os rigores da estação. Mas nós, os que cá vivemos, e ainda os outros que chegam do sul, levamos a sério a estação mais fria e defendemo-nos como podemos, tirando do armário luvas, gorros, camisolas polares e edredons, arejando chapéus de chuva com teias de aranha (sim, os estudos mais recentes apontam para perto de 250 dias ao ano sem pinga de chuva), procurando refúgio em locais confortáveis e congratulando-nos com cada bebida fumegante, chão alcatifado, ar condicionado ou lareira a emanar ares quentes. Para todos os que se arrepiam no Inverno mas mesmo assim gostam de sair da toca, há um sem fim de restaurantes, hotéis, spas, museus e equipamentos da cidade bem preparados para os receber. Selecionámos aqueles para onde, se pudéssemos, fugíamos de imediato! (nota-se que estas linhas foram escritas num muito apregoado “dia mais frio do ano”?)
Visitar e Fazer
Apresentar a Gulbenkian como um bom refúgio de Inverno é altamente redutor. É claro que com as suas duas coleções de arte, a sala de espetáculos, as três cafetarias, o magnífico jardim, o Museu Calouste Gulbenkian é dos primeiros sítios para onde qualquer lisboeta gosta de ir em qualquer estação do ano. Tal não invalida que no Inverno não seja ainda mais precioso lá chegar e, depois de colocar os agasalhos no bengaleiro, percorrer exposições permanentes e temporárias, almoçar ou lanchar com vista para o jardim, assistir a um espetáculo, tudo sem uma corrente de ar ou desconforto. Do mesmo modo, ainda que um pouco mais arejado, o Centro Cultural de Belém é bom destino para um dia de Inverno. Promete exposições de arte moderna e contemporânea no Museu Coleção Berardo, espetáculos nos seus dois auditórios, refeições nos vários restaurantes e até compras. Se nos distraímos um pouco, passa o dia sem darmos por isso. Perfeitos para dias de chuva são de igual modo o Museu Nacional de Arte Antiga, a oferecer o maior conjunto de obras classificadas como “tesouros nacionais” e com restaurante para recuperar forças da visita, e o Museu do Oriente com duas grandes coleções que expressam as relações entre Portugal e o Oriente, uma agenda diversificada de atividades e um brunch que é famoso na cidade. Aptos ainda a manter toda uma família entretida dentro de portas são o Oceanário, o Lisboa Story Centre, o Pavilhão do Conhecimento ou o Picadeiro Henrique Calado. Se a energia for muita, convém gastá-la com atividade física. No Vertigo Climbing Center pratica-se escalada e no Spot Real experimenta-se o parkour. Tudo dentro de portas e orientado por monitores. Se o tempo estiver só fresquinho, sem vendavais e chuvadas, atrevemo-nos a sugerir um passeio de bicicleta (melhor do que sob o sol escaldante de Verão), com aluguer na Belém Bike, ou um percurso pela cidade de elétrico, autocarro e barco facultado pela Yellow Bus. Se não der para nada disto, experimente a visita ao Teatro Tivoli chamada Tasting Fado ou feche-se entre quatro paredes no Escape Hunt Experience.
Dormir
Se os portugueses se queixam de frio quando as temperaturas nem próximo ficam das negativas muito se deve ao facto de não terem as casas bem aquecidas. Um hotel, qualquer um, ganha logo pontos nesta corrida. Mas se lhes juntarmos outras comodidades, como estas que se seguem, é aí que começamos a fazer as malas para nos mudarmos de casa. Nem que seja só por um dia. Ou só para uma refeição.
Se quisermos ser ambiciosos pensamos logo no Altis Belém. O hotel design de cinco estrelas tem tudo o que precisamos para uma hibernação de sonho: o restaurante Feitoria com uma estrela Michelin, um spa a oferecer diversos tratamentos, uma piscina interior dinâmica, isto é, pensada para a hidroterapia, uma biblioteca, uma cafetaria, tudo com o rio Tejo a emoldurar a paisagem. Já na Baixa de Lisboa o refúgio pode ser feito num edifício com mais de um século de história a transbordar elegância. No Hotel Avenida Palace pode gastar os seus dias entre massagens, leituras e um sofisticado “chá das cinco”. Mais jovem, ali perto, o My Story Hotel Ouro oferece igualmente muito conforto num espaço de cores quentes. Para quem prefere o charme de um boutique hotel sugerimos o Santiago de Alfama, num renovado palácio do século XV onde não falta um restaurante de assinatura, ou o Hotel Valverde, com o seu bonito pátio interior e o restaurante Sítio para os vários apetites do dia. No Heritage Avenida da Liberdade aquece a alma a reabilitação do espaço com assinatura de Miguel Câncio Martins e os prazeres da piscina interior; já no Hotel Dom Carlos Liberty, modernizado recentemente, é o físico que agradece com um centro de fitness perfeito para os dias de chuva. Se é em família que procura abrigo para os dias frios dirija-se para o Martinhal Lisbon Chiado, um “resort” em plena cidade, com apartamentos bem equipados e kids clubs para todas as faixas etárias.
Comer
Ainda antes de pensar pôr o pé fora de casa sugerimos os serviços dos Supper Stars onde o chefe vai a casa e deixa tudo impecável a seguir à refeição. Mais confortável é impossível. Se mesmo assim prefere arejar, experimente no Nobre a reconfortante cozinha lusa com toque de autor, ou no Laurentina, o “rei do bacalhau”, o sempre apetitoso peixe que ainda é mais querido no Inverno. Para mais agitação, que tal passar no Palácio Chiado, que reúne num palácio do século XVIII várias soluções de restauração e bar, ou no Mercado de Campo de Ourique, com sabores para todos os gostos e animação de dia e de noite? Para os dias especiais – também os há no Inverno – sugerimos uma visita ao Gambrinus, um dos mais famosos restaurantes de luxo da cidade, perfeito para provar as receitas tradicionais portuguesas e encontrar personalidades famosas. Para quem tem saudades de “ir à terra”, o restaurante Aldeia promete uma viagem gastronómica por várias regiões portuguesas, já a Enoteca leva-nos ao recolhimento do Chafariz da Mãe de Água para uma refeição de petiscos e vinhos. No Jamie’s Italian recuperam-se as energias com a cozinha italiana de conforto. Finalmente, não deixe acabar o Inverno sem fazer pelo menos um lanche de chá e pastéis de Belém na histórica casa.