Há uma razão que leva qualquer português a garantir que conhece uma praia no Algarve que é secreta, que só ele e os amigos frequentam. A vastidão da linha de costa ajuda a aparentemente desbragada afirmação, mas nomes como Odeceixe, Beliche, Albandeira, Culatra, Armona ou Cacela Velha (entre uma mão-cheia de outros areais e água morna dos prazeres do Sul) ajudam a garantir que existe um ALGARVE selecto, intocado pela massificação turística, com esse lado desagradável e insensato de disfarçar Portugal de uma repetitiva cópia do que o turista encontra noutras paragens.
Do Cabo de São Vicente e Sagres até à fronteira com Espanha, o Algarve é feito da solidez patrimonial de Lagos, da variedade da oferta de Vilamoura, do charme de Tavira, da natureza pulsante do Parque Natural da Ria Formosa e dos vigorosos 400 quilómetros de ‘trekking’ da Rota Vicentina. É um ALGARVE que, polvilhado de entusiasmantes campos de golfe, com uma concentração inusitada de restaurantes de estrelas Michelin e hotéis de categoria mundial, faz questão de se apresentar como alternativa a si próprio. E seja para treinar o seu ‘swing’, apreciar refeições ousadas e perfeitas ou dormir em clima de luxo, há visitantes que escolhem um ‘certo ALGARVE’ por saberem o que é bom, o que dificilmente se encontra de melhor noutro lugar.
E depois há esse mistério do ALGARVE interior, que erradamente se arrepanha de passagem. Dominado pela Serra de Monchique, o ‘ALGARVE de dentro’ é feito de pacatas aldeias e vilas, de casas brancas e chaminés típicas, ricas em tradição e artesanato, paisagens bravas e de cultivo, esplendor de laranjais, polvilhada de recantos e pequenos segredos.
Existe um ‘outro ALGARVE’ que não é ‘mais do mesmo’, do turismo de classe mundial à pacatez da aldeia. E as tais praias, algumas de acesso esforçado mas onde ninguém se acotovela. Uma bênção ao sol, é o que é.