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Em 1992, Álvaro Siza Vieira venceu o Pritzker, o “Nobel” da arquitetura mundial. Foi a distinção de um percurso que em Portugal já era mais que consagrado. Siza não descansou, fez escola e continuou a somar prémios e distinções, trazendo prestígio internacional à arquitetura portuguesa. Este prestígio ganhou outro marco, com a atribuição do mesmo prémio, em 2011, a Eduardo Souto de Moura. Estes arquitetos elevaram o nome da arquitetura portuguesa, mas a verdade é que esta vive um momento de prestígio e projeção internacional que não fica por estes dois nomes.
Desvendámos 10 originais e surpreendentes projetos arquitetónicos assinados por portugueses nos anos recentes, em terreno nacional, que captaram a atenção dos holofotes internacionais, com prémios (que se somam em catadupa) e menções nas mais prestigiadas publicações internacionais.
SEDE DA EDP (Lisboa)
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A dupla Aires Mateus tem estado nas luzes da ribalta há alguns anos, com vários projetos nomeados para prémios internacionais e cobertura das revistas da especialidade de outros países.
Entre os mais recentes, destaca-se a Sede da empresa EDP, na Avenida 24 de Julho. O edifício impressiona pela sua dimensão, linhas verticais e leveza, com uma praça que convida os transeuntes a atravessar e apreciar as diferentes perspetivas proporcionadas pelo jogo de luz e sombras. Já considerado um marco arquitetural na cidade, o edifício foi distinguido com o prémio máximo da arte em Portugal, o Valmor, em 2017.
TERMINAL DE CRUZEIROS DE LISBOA (Lisboa)
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Continuando a passear pela zona ribeirinha da capital, encontramos o outro premiado com o Valmor em 2017. O Terminal de Cruzeiros, projetado por José Carrilho da Graça, com o seu tanque de marés, levantado do chão para oferecer à cidade um novo terraço junto ao Tejo, dialoga com dois elementos essenciais: o rio e a famosa luz que se reflete no betão branco do edifício. Foi nomeado para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe, em 2019.
SEDE DA GS1 (Lisboa)
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O atelier Promontório juntou-se ao artista Vhils, responsável pelos painéis em alto-relevo da fachada, na criação deste edifício que lhes trouxe, em 2017, a nomeação para o WAF – World Architecture Festival, o maior evento de arquitetura a nível mundial, na categoria de escritórios e para os RIBA, os prémios do Instituto Real de Arquitetos Britânicos, em 2018.
CASA DE SAMBADE (Penafiel)
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O atelier Spaceworkers, de Henrique Marques e Rui Dinis, foi o responsável pela Casa de Sambade, uma habitação de linhas simples no norte do país, em Penafiel. O edifício em betão é uma intervenção contemporânea perfeitamente enquadrada na área rural circundante, um terreno em socalcos ladeado de árvores e abundante paisagem verde. O projeto foi nomeado para o Prémio Internacional ArchDaily Building of the Year 2015 e destacado pela plataforma online Architizer no prémio A+ Popular Choice (atribuído pelos visitantes do site), na categoria Residencial.
CASA EM OURÉM
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Filipe Saraiva venceu a distinção International Architecture Awards, em 2018, com um projeto arquitetónico singular. O arquiteto desenhou a sua Casa em Ourém, transpondo o desenho de uma casa feito por uma criança, com 5 linhas (um triângulo e um retângulo), para a escala real.
CENTRO DE ARTES (Águeda)
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O atelier And-re, de Bruno André e Francisco Ré, projetou um edifício de 4500 metros, dividido em três vertentes – auditório, sala de exposições e café-concerto – com uma impressionante praça central que preservou a chaminé da fábrica cerâmica que ali existiu. Um exemplo de arquitetura de espaço público que dialoga com o passado e o presente, e que valeu ao atelier a nomeação aos prémios Mies van der Rohe, em 2019.
TERMINAL DE CRUZEIROS DE LEIXÕES (Porto)
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À semelhança da capital, também a cidade do Porto teve o seu Terminal de Cruzeiros, em Leixões, reconhecido internacionalmente. A obra da autoria de Luís Pedro Silva, foi vencedora na categoria de arquitetura pública nos prémios da publicação norte-americana ArchDaily em 2016 e dos prémios AZ, da revista Azure, no mesmo ano.
CENTRO DE ARTES CONTEMPORÂNEAS DA RIBEIRA GRANDE (São Miguel)
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Uma parceria entre o atelier Menos é Mais e o arquiteto João Mendes Ribeiro. A um edifício já existente (uma antiga fábrica), em pedra vulcânica, os arquitetos juntaram mais dois, em betão, um cinzento e outro branco. O resultado é um agregado de edifícios que junta o antigo e o contemporâneo de forma homogénea, homenageia as cores vulcânicas da ilha, num ambiente industrial que foi posto ao dispor de produção artística e cultural. Valeu-lhes o Prémio FAD Arquitectura 2016, o mais importante arquitetura ibérica e a shortlist do Prémio Mies van der Rohe em 2015, para além de perfis em publicações de prestígio como a Phaidon e a Domus.
ADEGA HERDADE DO FREIXO
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Na Herdade do Freixo quem olhar despreocupadamente para a planície alentejana, talvez não se aperceba do finíssimo exemplar de arquitetura contemporânea que ali se esconde. A adega desta herdade, da autoria de Frederico Valsassina adotou, no barramento cimentício que a cobre, a cor da terra que a circunda. Além do mais, estende-se 40 metros abaixo da terra. O que se esconde é uma estrutura enorme, minimalista, em redondo, a fazer lembrar a espiral do célebre Guggenheim. Foi vencedora do prémio Arquitectura Internacional da publicação da Archdaily, em 2018.
CASA DAS QUATRO CASAS (Penafiel)
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Mais uma habitação onde apostamos que muitos sonhariam viver. Esta casa em quatro partes ligadas ao meio por uma estrutura envidraçada é um exemplo de elegância. Permite aos seus habitantes absorver a beleza da paisagem exterior e receber toda a luz que o monte onde se situa recebe. Da autoria do gabinete PROD, foi alvo de um artigo extenso na prestigiada Wallpaper.
Artigo em parceria com a INS
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