Um barco à vela sobre águas calmas e metalizadas, tingidas por um pôr-do-sol. Parece o happy end de um filme romântico, mas pode ser protagonizado por qualquer um de nós, mais facilmente do que se pensa.
Aceitámos o convite da Taguscruises para ir fazer um passeio de barco à hora do sol se pôr. Às 17:30 estávamos na Doca do Bom Sucesso, em Belém, mais ou menos vestidos a rigor (pouco vestidos, como veremos mais adiante) e prontos a embarcar. Os estados de espírito variavam entre o êxtase e o receio: “Será que podíamos ter trazido fato de banho?”, “Será que devia ter tomado um comprimido para o enjoo?”( Nem um nem outro teriam tido qualquer utilidade. A navegação, nesta passeio, faz-se apenas no rio Tejo, o que significa águas pouco convidativas para banhos e com pouca ondulação.)
Subimos a bordo de um veleiro de 12 metros (aproximadamente), na companhia de um zeloso skipper e de seis passageiros vindos dos quatro cantos do mundo. Recebemos as boas vindas e fomos convidados a conhecer o interior do barco. Com três cabines e WC, o barco está preparado para aventuras maiores, como o passeio de um dia e meio até Sesimbra e Tróia, com dormida incluída. Com o desejo de uma viagem maior instalado, subimos para o convés rapidamente. Não havia tempo a perder. A temperatura estava convidativa, a paisagem, mesmo que conhecida de todos nós, lisboetas, adquiria uma perspetiva nova, e só tínhamos duas horas para apreciar tudo.
Rio acima…
Ao longo do percurso, que começa junto à margem de Lisboa, o skipper foi apresentando aos nossos companheiros de viagem provenientes de outras paragens as marcas do orgulho português que espreitam da margem do rio: a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o Mosteiro dos Jerónimos, os Pastéis de Belém… (estes últimos sempre mais reconhecidos e aplaudidos do que qualquer um dos monumentos citados). Para esquecer o desejo do sabor da nata e da canela, íamos petiscando uns amendoins salgados que acompanhavam as bebidas servidas a bordo. Cerveja, vinho branco, entre outras, ajudaram a brindar à paisagem e a compor a imagem. Com um copo na mão e refastelados no pufe colocado na proa, à proximidade do imponente Terreiro do Paço, antiga porta de entrada na cidade, subiu-nos à cabeça o devaneio de pertencer à realeza e acenámos para a margem. Felizmente, um pouco mais à frente mudámos o rumo para a outra margem do Tejo, bem menos povoada e sem testemunhas dos nossos entusiasmos.
Rio abaixo…
Do “lado de lá” observámos um pouco mais de perto o abandonado mas sempre bonito Cais do Ginjal, o elevador da Boca do Vento e o Cristo Rei, a elevar-se do alto da falésia mesmo em cima de nós. Passámos de novo por baixo da Ponte 25 de Abril e mais uma vez não resistimos à tentação de fotografar de ângulos únicos esta emblemática obra de engenharia. Ainda antes do sol se começar a pôr, tivemos a oportunidade de colocar as mãos na roda do leme. Tomámos-lhe o gosto, e por nossa vontade teríamos continuado rio abaixo em direção ao mar. Até porque, por essa hora, o sol ia descendo e o céu e o rio iam ganhando aquelas cores dramáticas que nos toldam o pensamento e fazem esquecer as responsabilidades, as chatices da vida. E nem a brisa mais fresca que se fazia sentir (e para a qual não íamos afinal devidamente equipados) conseguiu estragar o efeito. Uma manta quente em volta dos ombros garantiu que todos os passageiros regressassem a terra firme de boa saúde. De boa saúde e com energias redobradas!
Nota final: o programa descrito tem o custo de 45€ (para adultos) e de 22,5€ (para crianças). A tour regular, a operar diariamente, todo o ano, custa 38€ (adultos) e 16€ (crianças).
Mais informações em: Taguscruises.
