Em Lisboa, a arte também se faz nas ruas e em locais inesperados. Sinal saudável dos tempos: prédios devolutos, espaços públicos amplos, paredes desocupadas, murais, atraem artistas e mostram que a arte pública, em grande ou pequena escala, também passa pela antiga cidade, aumentando-lhe a pulsação e trazendo-a para o presente.
Um pequeno passeio por Lisboa revelará recantos e autênticas galerias a céu aberto ocupadas pelas coloridas, interventivas e imaginativas obras de alguns dos maiores nomes da arte urbana (ou street art). Uma das suas grandes referências é Alexandre Farto, ou Vhils, cuja obra se pode ver em Alfama (na Travessa das Merceeiras, uma cara esculpida num prédio e na Calçada do Menino de Deus, um retrato de Amália feito em calçada), em Santos (no Pólo Cultural Gaivotas), ou em Alcântara (na Rua de Cascais).
Conhecido pela sua linguagem que vai beber as mais diferentes inspirações ao design gráfico, pelo uso exuberante da cor e pela sua imaginação transbordante, akaCorleone também tem diferentes obras espalhadas pela cidade, com destaque para a Rua Damasceno Monteiro (perto do miradouro da Graça) e a Rua de São Bento.
Bordalo II usa lixo urbano para criar as suas obras de grande dimensão, com predilecção pelas figuras animais e com uso sofisticado da cor e dos volumes. Destaque para o guaxinim nas traseiras do Centro Cultural de Belém ou os peixes na Avenida de Ceuta.
Há também na cidade locais específicos onde a arte urbana encontrou espaço próprio e floresceu: casos do Bairro Alto, onde vários artistas povoam as ruas e os prédios, bem como, ali próximo, junto ao Elevador da Glória, a Galeria de Arte Urbana, onde 6 murais mostram aos turistas que sobem a colina, a pé ou de elétrico, o melhor desta arte; da Mouraria, onde o parque de estacionamento do Chão do Loureiro funciona como galeria, ou nas escadas de São Cristóvão, onde o fado se dá a ver pela linguagem gráfica de vários artistas; da Avenida Fontes Pereira de Melo, onde diversos prédios devolutos foram apropriados por artistas internacionais e, por fim, no mural da Rua Conselheiro Fernando Sousa, perto das Amoreiras, um dos mais antigos da cidade.
Mas a arte nas ruas vive para além da recente street art. Exemplo original de arte pública, o Metro de Lisboa dotou muitas das suas estações de intervenção de alguns dos maiores artistas portugueses do século XX. A estação das Olaias, por exemplo, diversas vezes considerada uma das mais bonitas do mundo, teve intervenção de não um, mas cinco nomes de referência – o arquitecto Tomás Taveira e os artistas Pedro Cabrita Reis, Graça Pereira Coutinho, Pedro Calapez e Rui Sanches. O revestimento das primeiras estações do metro foi da autoria de Maria Keil, mas à medida que o metro se foi expandido, esta colaboração com artistas continuou. E assim, Maria Helena Vieira da Silva (Cidade Universitária), Nadir Afonso (Restauradores), António Dacosta (Cais do Sodré) ou Júlio Pomar (Alto dos Moinhos) deram mais vida e arte ao quotidiano do transporte metropolitano de Lisboa.
No Parque das Nações a arte também se dá a ver a céu aberto. Entre os vários artistas que interviram nesta zona da cidade, Fernanda Fragateiro destaca-se pelos seus diversos trabalhos, da escultura ao jardim paisagístico, passando pelo trabalho com azulejo. Mas há outras obras de artistas conceituados como Ângela Ferreira, José Pedro Croft, Hugo Canoilas, Pedro Calapez, Rui Chafes, Antony Gormley ou Yayoi Kussama.
É verdade que em Lisboa há diversas e excelentes razões para vaguear, e descobrir-lhe os recantos em passeios sem destino. As obras mencionadas são algumas delas.
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