COMEÇANDO NO ROSSIO E DANDO O SALTO À PRAÇA DOS RESTAURADORES, A AVENIDA DA LIBERDADE AINDA TEM OS TRAÇOS DO PASSEIO PÚBLICO E VAI JUSTIFICANDO, DE FORMA CADA VEZ MAIS SEGURA, A AMBIÇÃO DE QUERER SER PARISIENSE. OS CAMPOS ELÍSIOS À MODA DE LISBOA.
É onde as regras da moda ditam a lei. As lojas das marcas tomadas como referências e templos do bom gosto fazem a sua vida lado a lado, ao longo de uma avenida que não sendo infinda tem tanta distração tentadora que parece nem ter fim, não fosse a estátua do Marquês de Pombal a marcar o território, emoldurada pela verdura do Parque Eduardo VII e o frescor da Estufa Fria.
Se o comércio modernizado e na ‘ordem do dia’ tranquiliza os clientes e os turistas que chegados à avenida já andam cansados do ‘very tipical’, para os lisboetas não é tanto a ‘Liberdade’ mas são os lugares que a envolvem que lhe aguçam os apetites. A começar pelas Portas de Santo Antão. Abre alas a partir do Largo de S. Domingos, onde fica a Ginjinha do Rossio e se beberica um néctar que tem o mundo a seus pés, ao lado da Igreja de S. Domingos, perturbadora e fascinante nas suas paredes de pedra esculpida pelo fogo. Nas ‘Portas’ amontoam-se restaurantes para diferentes bolsas e apetites, que é prerrogativa de Baixa e Chiado não esquecer à mesa o mais recôndito cantinho da satisfeita cozinha portuguesa. Passada a exuberância mourisca da Casa do Alentejo, o Coliseu e os sinais do que podia ter sido uma Broadway lisboeta (do outro lado da Avenida, os teatros do Parque Mayer faziam de rival), à beira dos sabores de Mirandela do Solar dos Presuntos, o Elevador do Lavra leva-nos direitos ao Jardim do Torel, a lembrar que lá porque a ‘Liberdade’ é plana não quer dizer que lhe falte uma colina e um miradouro a condizer.
A Avenida gosta de ser o maior palco de manifestações. Sejam políticas, clubísticas ou bairristas, como nas famosas Marchas populares. É a bússola de Lisboa. E do alto do Parque, o Tejo corre ao fundo, como se Lisboa fosse Paris com um oceano.
