A ESPUMANTARIA DO PETISCO, ali debruada nas bermas da Costa do Castelo, ainda não faz parte de um império mas para lá caminha. Com mais do que uma mãozinha do chef Victor Hugo, a aventura começou no Cais do Sodré com a Espumantaria do Cais, apostada em tornar os vinhos espumantes portugueses tão populares como a bica, a sangria ou uma fresca taça de boa vinhaça branca. E à casa deu-lhe para pensar: ‘e que tal juntar-lhe uns petiscos?’.
A localização é perfeita, já que a Costa do Castelo parece suspensa entre tanto sobe-e-desce de colina. A casa que domina a Calçada do Marquês de Tancos já foi carvoaria (não se nota) e casa de pasto (o que salta à vista). A ESPUMANTARIA DO PETISCO tem três espaços, começando de trás para a frente por uma sala de modesto tamanho onde imperam as garrafas de espumante em exposição e mesmo ali à mão de se lhes tirar a rolha, abrilhantadas com dois desenhos a grandes dimensões de José Serrano a lembrar os prazeres da zona e as alegrias de sair a petiscar com os amigos. A esplanada, com a inevitável vista de fazer cair queixos sobre essa Lisboa que se atira ao rio, é a entrada para a sala de boas-vindas onde manda um imenso balcão marmóreo que é terreiro de cocktail e do ‘espere aí que já lhe arranjo mesa’.
André Fragoeiro é o chef de serviço. E apesar da ESPUMANTARIA DO PETISCO ter pratos fixos de carne e peixe (uma ementa propositadamente reduzida) a casa brilha nos tais petiscos, todos de assinatura portuguesa e tradição cá do burgo e todas com um ‘twist’, aquele pequeno devaneio que garante a autenticidade e lhe junta um toque aventureiro.
Bem regados ao tinto Herdade do Peso, a malta amiga atirou-se ao ‘picanço’ com um bacalhau à Brás solto e envolto no ponto, um catita Pica-pau que compensava em sabor o que podia faltar-lhe em dimensão, pratos mistos de fumados e queijos a fazer de embaixada e consulado deste país que é o nosso, uns Peixinhos da Horta com Petinga que eram de se chorar por mais, ‘tempura’ perfeita e mão cuidada e generosa no sal e, a adocicar os gostos, leite creme e cheese cake, trunfos de que a casa muito se orgulha e com razão.
A ESPUMANTARIA DO PETISCO é um bom lugar para se deixar ficar, mesmo que as doses sejam petisqueiras, como manda a regra local. Não tem take away, é certo, mas a variedade de vinho a copo, espumantes e sangrias de arromba são um bálsamo celestial para os sentidos nestes tempos de calor dos infernos. É de onde vem o ‘twist’: os nomes estão na ementa mas quando os petiscos chegam à mesa logo se percebe que houve ali dedo de chef. É como conforta saber que mesmo que os preços se ‘puxem’, o resultado empurra-nos a regressar.
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