Lisboa subterrânea, o museu mais visitado da cidade

EM ÁTRIOS E CAIS, O ENGENHO E A INSPI­RAÇÃO DE ARQUITETOS E ARTISTAS FAZEM DO METROPOLITANO DE LISBOA O MUSEU MAIS VISITADO DA CIDADE. UM ROTEIRO DE ARTE, NUMA TEIA DE CAMINHOS QUE LEVA CADA UM DE NÓS AO SEU DESTINO.

As diferentes linhas do Metro são como as veias do corpo da cidade. Dirão que é assim em qualquer lugar do mundo servido por este massificado e subterrâneo meio de transporte, mas, para lá da sua função primordial, o Metro é um museu popular, o mais concorrido de todos os que polvilham a cidade por conta do impressionante volume de passageiros que transporta.

Inaugurado a 29 de Dezembro de 1959, teve com a artista plástica Maria Keil o seu primeiro momento de intervenção ar­tística, com enfoque total na azulejaria, um material de longa tradição em Portugal, que provou ser um ótimo meio de decora­ção de espaços arquitetónicos e urbanos, de fácil manutenção e baixo preço. Sem dúvida, uma austeridade artística bastante inteligente.

Passados vinte anos sobre a construção das primeiras estações, à austeridade e racionalização, subordinados a uma articulação funcionalista, seguiu-se a abertura à diversidade. Com uma maior liberdade, onde estavam ausentes condicionantes materiais, foi dada a oportunidade de criação a artistas de renome tais como Júlio Pomar, Manuel Cargaleiro e Maria Helena Vieira da Silva.

Na década de 90, com a renovação inspirada pela Expo 98 e a criação das suas coloridas quatro linhas que continuam a esten­der-se por Lisboa, soube o Metro ‘crescer’ por via de intervenções arquitetónicas nos átrios e cais, bem como pela entrega das res­petivas decorações e permanentes instalações ornamentais a um vasto leque dos maiores artistas plásticos nacionais e internacionais. Um bom exemplo disso é a estação Oriente.

A caminho dos 60 anos de vida, a excelência das intervenções de arte e das renovações de engenharia e arquitetura efetuadas ao longo das décadas, mudaram radicalmente a influência do Metro enquanto espaço de criação artística.

Viaje connosco num percurso desenhado para melhor mostrar este museu, o mais visitado na cidade, e depois suba à superfície e conheça alguns dos locais mais icónicos de Lisboa.

OITO ESTAÇÕES A PERCORRER

Embarque numa viagem de Metro só para apreciar as intervenções artísticas nas suas variadas estações. Aqui e ali, suba à superfície para uma refeição ou uma visita aos principais pontos de interesse da zona e volte a descer para continuar o roteiro.

AEROPORTO

Fica na zona adjacente ao Aeroporto de Lisboa/General Humberto Delgado, estação de fim-de-linha desenhada pelo arquiteto Leopoldo de Almeida Rosa. Átrio e cais são ‘ilustrados’ por obras do brilhante cartoonista António Antunes retratando figuras históricas e contemporâneas das artes e da socie­dade portuguesa.

ORIENTE

Estação que serve a Gare Intermodal de Lisboa no Parque das Nações. É assina­da pelo arquiteto Sanchez Jorge e as obras de arte versam os oceanos (o tema da EXPO 98) pela mão de 11 artistas dos cinco continentes, entre eles o por­tuguês Joaquim Rodrigo, o austríaco Hundertwasser e o islandês Erró.

VISITAR: Oceanário, Pavilhão do Conhecimento, Pavilhão de Portugal COMER: The Club Steakhouse, O Clube do Hambúrguer, The Old House, Quanjude, Cartel 36, The Fifties American Diner, La Brasserie de L’Entrecote

OLAIAS

O consenso impera na intervenção do polémico arquiteto Tomás Taveira, da enorme colunata forçada pelo pé direi­to do cais à ‘marca’ pessoal da policro­mia berrante. A estação recebeu escul­tura, baixo-relevo e painel cerâmico de quatro artistas renomados: Pedro Cabrita Reis, Graça Pereira Coutinho, Pedro Calapez e Rui Sanchez.

CAMPO PEQUENO

Estação da rede inaugural do Metro (1959). Original do arquitecto Falcão e Cunha, foi totalmente remodelada em 1994 por Duarte Nuno Simões e Nuno Simões. Manteve as ‘ilustrações’ de Maria Keil e juntou-lhe as belas escul­turas de Francisco Simões, homenagem em mármore às gentes do campo que desde 1900 aportavam a Lisboa.

VISITAR: Praça de Touros, Culturgest COMER: O Nobre, Adega da Tia Mat­ilde, O Poleiro, Nómada

ALTO DOS MOINHOS

Abriu ao público em 1988 quando da extensão da rede à zona de Benfica e nasce de um projeto do arquite­to Ezequiel Nicolau. A decoração é de Júlio Pomar e enaltece no seu desenho grandes poetas portugueses (Camões, Bocage, Pessoa ou Almada) a par de ‘graffitis’ do pintor, em antecipada jogada aos grafiteiros anónimos…

BAIXA-CHIADO

Correspondência de duas linhas (Azul e Verde), é das mais movimentadas do Metro. Abriu em 1998 segundo pro­jeto de Álvaro Siza Vieira que 10 anos antes liderara a reconstrução da zona depois do incêndio do Chiado. Luminosa e despida de artifícios, con­ta com azulejos de Ângelo de Sousa nos acessos à rua.

VISITAR: Museu N. Arte Contemporânea do Chiado, Museu de São Roque, Elevador de Santa Justa, Ruínas do Carmo COMER: Tágide, O Alfaia, Restaurante Wine Tapas Bar, Padaria do Bairro, Taquería Patron 

CAIS DO SODRÉ

Estação de correspondência com a linha de comboio de Cascais e o tráfego flu­vial para a ‘Outra Banda’, em projeto do arquiteto Nuno Teotónio Pereira. As ideias do surrealista António Dacosta foram reinterpretadas por Pedro Morais, destacando-se o Coelho Apressado de ‘Alice no País das Maravilhas’ que segue as linhas da estação.

VISITAR: passeio à beira rio, estação ferroviária do Cais do Sodré, passeio de comboio até Cascais COMER: Casa de Pasto, Duplex, Pap’Açorda, Pesqueiro 25, Time Out Mercado da Ribeira

TERREIRO DO PAÇO

Uma das mais jovens estações da atual rede de Metropolitano, inaugu­rada nos finais de 2007 sob projeto do arquiteto Artur Rosa. A interven­ção de arte deve-se a João Rodrigues Vieira e tem por título ‘Transparência II’, painel de azulejos na zona pública, ao átrio principal, forma de ‘vitral’ pro­duzido pela Fábrica Viúva Lamego.

VISITAR: Arco da R. Augusta, Lisboa Story Centre, Museu do Dinheiro COMER: Aura, Martinho da Arcada, Populi 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *