Temos o melhor peixe e marisco do mundo e restaurantes que lhe fazem a devida justiça.
Com uma linha de costa que cobre metade dos seus contornos, um sortido infindável de restaurantes, uma mão-cheia de rios e uma vasta porção de oceano a que pode chamar seu e nele se dedicar à pesca, a Portugal não só não falta peixe e marisco como bem podem dizer os portugueses ter do melhor marisco e peixe do mundo. Dizem os números que, estranhamente, somos mais dados às carnes e até o que começou por ser um modismo ‘verde’ está a afirmar o vegetarianismo com bases sólidas. Isto porque peixe e marisco vivem de dois aparentes contra-sensos: não é comida para preguiçosos e custa os olhos da cara.
À medida que em Portugal a arte de bem cozinhar é moldada pelos ‘preparados’ e são os supermercados a ditar que para quem cozinha mais de metade do trabalho já vem feito, o marisco e o que é para tanta gente o melhor peixe do mundo tem de fincar pé contra ventos e marés, por assim dizer. É certo que os portugueses têm o bacalhau como peixe de eleição (que nem sequer é pescado nas nossas águas), mas a variedade e a quantidade que é dada pelos nossos rios e pelas delícias do Atlântico deveriam ser ponto assente e a preço módico. Mas não são.
Ainda por cima, temos a tendência de descomplicar a confecção. Mesmo com o estrangeirado advento dos restaurantes de sushi, não comemos peixe cru. Cozinhamo-lo de mil e uma maneiras: grelhado, frito, cozido, assado, ‘vestindo-o’ apenas com manteiga, uma pitada de sal, umas gotas de limão. Não o acumulamos de adornos, que já basta ter de o apanhar, escamar, desentranhá-lo e fazer dele os filetes perfeitos deixando de fora tudo o que é esqueleto e espinha. Que depois de tanto trabalho (e até por respeito ao bicho) temos a tendência de não complicar na feitura do prato. Afinal de contas, nem todo o peixe tem a generosidade do jaquinzinho e se deixa comer inteiro de um só fôlego.
Seja peixe de rio ou mar, sair para comer as delícias que as águas dão é sempre um acontecimento. Ciclicamente as festas populares celebram a sardinha mas país fora são muitos os restaurantes de peixe e marisco à escolha. Pela natureza da evidente necessidade da frescura absoluta do produto que chega ao prato, todo o restaurante de marisco e peixe deve ser bom e de qualidade garantida. Ganham a sua fama pelos anos de reputação imaculada, o que permite a muitas casas glorificar-se pelo seu marisco mesmo estando longe do mar, ou receber provas de fidelidade do comensal de peixe mesmo que o oceano esteja longe da vista.
É claro que os preferidos (para os portugueses e, de forma compulsiva, para os turistas), são os restaurantes onde peixe e marisco se comem com vista de mar ou à beira-rio. É como se a paisagem fosse uma espécie de selo de garantia. E aí a tradição mostra como as coisas podem muito bem continuar a ser como eram mas com o ‘twist’ dos tempos de hoje: as lotas e praças onde se compra o produto às sabedoras peixeiras, a ocasional varina de canasta à cabeça ou balde no chão, mercados velhos e saudosos de tempos idos e os novos, práticos e modernos e, acima de tudo dos restaurantes e marisqueiras por onde o tempo não passa e se cozinha como sempre se cuidou de marisco e peixe, até aos ‘da moda’ e do gosto dos novos chefs nacionais pelo peixe e marisco de Portugal, como o cozinhar com um cunho pessoal, como lhe ‘dar a volta’ e os trazer à mesa de forma mais apelativa. Como se isso fosse possível: que quem ama a mariscada e não resiste à peixaria vê um prato belo onde esteja tudo o que a água dá com espinha ou casca.
Depois vem o choque da realidade, que é quando o ‘embelezamento’ se acaba. A maior parte do peixe e do marisco pescado em Portugal é para exportação. Exportamos metade da quantidade que importamos e o que vem lá de fora mal se compara em qualidade aos que as nossas águas dão. Mas os preços não são comparáveis. Por mais campanhas que se façam às virtudes do marisco e do peixe nacionais, o cenário permanece. Das 200 espécies que pescamos na nossa zona exclusiva, não devemos consumir mais de 15. Há quem diga que o caso tem tanto de leis comunitárias como de preguiçosa ditadura do gosto do consumidor. E estamos no ponto em que, adorando o peixe ou venerando o marisco, nos deixámos de perguntar sobre a origem das espécies.
Mas de toque moderno ou deixando que o produto fale por si com uma pitada de tempero, a saltitar em todas as nossas águas ou vindo enregelado das águas estrangeiras, não faltam em Lisboa e seus arredores restaurantes de qualidade a quem não cozinha peixe em casa ou nem entrega o marisco às leis do vapor. Veja a nossa lista dos melhores restaurantes de peixe e marisco em Lisboa e Cascais e, para dar aquele toque internacional, espreite as nossas sugestões dos melhores restaurantes de sushi.