Para muitos o bairro mais chique e cool de Lisboa, o Príncipe Real deve o seu nome à realeza portuguesa.
Príncipe Real de Portugal era o nome dado aos herdeiros presuntivos da Coroa durante a Monarquia Constitucional (1822-1910). Em homenagem a este título e ao seu filho D. Pedro, D. Maria II mandou erguer o Jardim do Príncipe Real em meados do século XIX.
Os numerosos palacetes mantiveram-lhe o aspeto luxuoso ao longo dos tempos, mas a viragem para uma das zonas mais trendy da cidade foi mais recente, fruto de uma extensa reabilitação.
Um dos responsáveis por esse movimento de reabilitação foi Antony Lanier, que com a sua empresa Eastbancc foi adquirindo diversos imóveis na zona, sobretudo palacetes, e iniciando a sua recuperação. Os charmes do Príncipe Real organizam-se à volta do seu sumptuoso jardim e aprazíveis praças e contemplam as compras, a gastronomia, a hotelaria, a vida noturna.
Compras alternativas e design arrojado
Não é que não haja marcas de luxo – veja-se a presença da loja do estilista português Nuno Gama ou da marca inglesa Barbour – mas o Príncipe Real tem-se revelado um local de compras mais alternativas, com propostas mais arrojadas. Os amigos da sustentabilidade, encontram na concept store Embaixada (um dos primeiros projetos da citada Eastbancc) uma meca – há os produtos de cosmética e a roupa de bebé da Organii e a roupa da ISTO. marca portuguesa sustentável, bem como o Fair Bazaar, entre outras propostas de estética apelativa – do mobiliário aos fatos de banho.
Mesmo ao lado, a Loja Real, outra concept store, é uma amálgama de propostas também sustentáveis, de objetos de design, livros de mesa-de-cabeceira, acessórios, roupa e marcas cobiçadas dos mais jovens – Herschel, Komono, entre outras. Já mais para o final da rua da Escola Politécnica, encontramos a Stró, uma loja de mantas, boinas, cachecóis ou cobertores, em lã, algodão ou linho, tudo orgânico e de comércio justo.
Para os amantes dos produtos gourmet, a charcutaria MOY, é paragem obrigatória, tal como Bettina & Niccòlo Coralo, para os chocolates irresistíveis.
A Pau-Brasil propõe uma montra do melhor design do país irmão, dos fatos de banho à roupa, passando pelo mobiliário e dos melhores produtos de cosmética.
Mas voltando às propostas arrojadas e modernas, é tomar nota da roupa minimalista da designer Lidija Kolovrat, das multimarcas Espaço B e Charlie e da espanhola Shon Mott.
Dormir como um príncipe
Num bairro com tanto pedigree, as poucas propostas de alojamento turístico correspondem a um grau de sofisticação ímpar na cidade. Os apalaçados Casa do Príncipe e o 1869 Príncipe Real trazem o charme de outrora para o presente. O memmo Príncipe Real, é um dos tesouros da hotelaria lisboeta, e oferece acomodação irrepreensível, design de topo e uma piscina com vista para a cidade.
Viagens de sabores, na companhia de chefs conceituados
Outro dos elementos que tornam o Príncipe Real um bairro tão trendy é a sua oferta gastronómica. Chefs de nomeada encontram aqui morada: Kiko Martins viaja pela Ásia e pelo Perú, no Asiático e na Cevicheria, respetivamente; Henrique Sá Pessoa propõe o encontro entre as tapas espanholas e os petiscos portugueses no Tapisco; José Lopes apresenta a sua interpretação da cozinha portuguesa no Pão à Mesa; Diogo Noronha põe o Atlântico à mesa no Pesca; Jamie’s Italian é o primeiro e único restaurante do chef celebridade inglês em Portugal; Anna Lins demonstra porque é um dos nomes incontornáveis da cozinha japonesa na carta do Miss Jappa.
Sem dúvida que este bairro gosta de viajar na cozinha do mundo. Ora vejamos: a Zero Zero Pizzeria tem uma das esplanadas mais bonitas da cidade para degustar pizzas de forno a lenha; o Sumaya oferece para a partilha entre amigos a cozinha libanesa, o La Paparrucha, para além da vista incrível, é incontornável para provar os sabores da Argentina.
Um bairro trendy, mas vivido
Enumerámos as razões que o tornam um bairro da moda, mas há que ressalvar que, apesar de ser local de movida para fashion victims, foodies e turistas, o Príncipe Real se tem mantido um local com espírito de bairro e a sua transformação tem sido feita de forma equilibrada, respeitando o ritmo de uma cidade que ainda se permite pausas e contemplação.
O segredo talvez esteja no jardim, nos quiosques, na colina íngreme que ocupa, o que é verdade é que o Príncipe Real ainda é um bairro vivido que continua para além do murmúrio turístico e comercial.
Assim sendo, é um dos locais mais cobiçados para viver em Lisboa, por combinar o melhor de dois mundos.
A tipologia das casas é variável. Sim, há palacetes com pátios e jardins que, da rua, nem se imaginam, mas também há apartamentos de áreas modestas.
Certo é que, com tantas razões de recomendação, o Príncipe Real é uma das zonas de habitação mais caras de Lisboa (o preço por metro quadrado ronda os 6 mil euros, dados de 2017).
Artigo em parceria com a INS