Às portas do novo ano chega a muitos de nós aquele ímpeto, entre o ambicioso e o ingénuo, de listar tudo aquilo que queremos realizar nos próximos meses. “É este ano que vou finalmente ali”, “vou fazer isto e aqueloutro”, “vou esmifrar todos os segundos do ano… nada me escapará”. Qual estudante bem intencionado, acreditamos que é desta que passamos o ano com nota máxima. E se, no final do ano, verificamos que a preguiça se instalou e que metade ficou pelo caminho, valeu de certeza a pena o exercício de intenções. Serviu pelo menos para eleger prioridades. Ou apenas para verificar que falhámos e que no ano seguinte devemos voltar a listar os nossos desejos, mas de uma forma mais realista e exequível.
Na redação do BestGuide gostamos de listas. Nem que seja para tentar chegar a algum lado e perdermo-nos pelo caminho, por desafios ainda mais tentadores. Partilhamos com os nossos leitores as nossas resoluções para 2017, das mais sérias e credíveis àquelas que nem a nossa própria mãe acredita ser possível.
VAMOS FINALMENTE ÀQUELE RESTAURANTE
Se é para sonhar, que seja alto. E os restaurantes dos nossos sonhos voam na maioria dos casos até às estrelas (Michelin). Queremos experimentar as novas propostas do Feitoria e do Alma, regressar ao Fortaleza do Guincho, ir conhecer o Bon Bon, no Algarve, jantar na Madeira, no Il Gallo d’Oro ou William. Queremos ainda ser frequentadores mais assíduos de qualquer uma das casas de José Avillez, com especial destaque para o novo Bairro do Avillez, e dos restaurantes do Vítor Sobral, Tasca da Esquina ou Peixaria da Esquina. Há quem ainda não tenha ido ao Palácio Chiado e quem queira experimentar, sem exceção, todos os sabores dos gelados Nannarella.
VAMOS A UM MUSEU UMA VEZ POR MÊS
Se cumprirmos esta resolução, conseguimos com mais facilidade ir conhecer os novos como o MAAT (sim, há quem ainda não conheça), o Museu do Dinheiro ou o News Museum, em Sintra; os relativamente “recentes” como o Museu dos Coches ou o Museu do Oriente; revisitar os clássicos onde não pomos os pés desde criança, com o Museu de Arte Antiga ou o Planetário; e acompanhar as grandes exposições temporárias de instituições como a Gulbenkian, o Museu do Chiado, o Museu Berardo, a Culturgest ou Serralves, no Porto.
VAMOS A MONUMENTOS CÁ DENTRO COMO FAZEMOS QUANDO VAMOS LÁ FORA
Não raras vezes, visitamos mais monumentos numa viagem do que num ano inteiro na nossa cidade. Aqui entre nós, há a decisão de subir ao Castelo de São Jorge e ao Arco da Rua Augusta, visitar o Panteão e o Palácio Nacional da Ajuda. Isto só em Lisboa. Porque depois há todos os palácios e monumentos de Sintra onde apetece sempre voltar (Pena, Regaleira, Monserrate, Condessa d’Édla, Convento dos Capuchos…) e, continuando estrada fora, há todo o património do país a conhecer.
VAMOS EXPERIMENTAR SAIR DA ROTINA
Não andamos de bicicleta há tanto tempo que já nem sabemos se é verdade que nunca se esquece como se faz? Vamos então pegar numa e fazer toda a ciclovia de Cascais até ao Guincho! Estamos sentados todo o santo dia? Vamos dar corda aos sapatos ao fim-de-semana, numa caminhada organizada pela Green Trekker, nos Passadiços do Paiva ou numa levada da Madeira. Já estamos fartos de andar metro? Vamos experimentar um autocarro panorâmico para circular pela cidade. Já não podemos ver centros comerciais à frente? Vamos fazer escalada para o Vertigo. Estamos cansados de fazer zapping em frente à televisão? Vamos subir às árvores no Jamor. Detestamos ginásios com aparelhos? Vamos antes aprender a dançar nos Alunos de Apolo. Com saudades do mar? Vamos andar de barco. Em Lisboa com a Taguscruises, na Madeira vamos ver golfinhos com a Rota dos Cetáceos. Queremos paz e silêncio? Vamos experimentar jogar golfe ao Jamor!
VAMOS PEDIR ROOM SERVICE MAIS VEZES
O prazer de dormir num hotel é partilhado por todos nós. As opiniões dividem-se quanto aos estilos. Há quem sonhe com palácios, como o Pestana Palace ou o novo Santiago de Alfama em Lisboa, o Reid’s na Madeira ou o Palácio Estoril. Há quem só queira o suave vaivém entre o hotel, a praia e a piscina, e escolha o Cascais Miragem, o Martinhal Cascais, o Tróia Design Hotel ou o Porto Santo Hotel. E, por fim, os que querem dormir embalados pelos sons da natureza no Pedras Salgadas, na Quinta da Casa Branca ou na Casa Velha do Palheiro.
VAMOS ACOMPANHAR AS MELHORES ESTREIAS DE CINEMA
O ano começa, como sempre, com a estreia de filmes aclamados posicionados na corrida para os Oscars, que se realizam no final de Fevereiro. E nós vamos querer ver Moonlight, um drama tripartido sobre o crescimento de um jovem negro e gay, que foi o filme mais elogiado pela crítica americana em 2016; Toni Erdmann, a comédia da realizadora alemã Maren Ade, lugar cimeiro em quase todas as listas de melhor do ano e o já multi-premiado La La Land que, sinceramente, desejamos que seja a homenagem que o muitas vezes incompreendido género musical merece.
Silêncio, um projecto que há anos Martin Scorsese tentava levar a cabo, a adaptação do romance de Shusaku Endo sobre dois jesuítas portugueses no Japão do século XVII, parece ser mais um desafiante filme sobre a fé católica, na senda do controverso clássico A Última Tentação de Cristo. Também premiado em festivais e muito elogiado, São Jorge, o drama de boxe protagonizado por Nuno Lopes, marcando o reencontro do actor com o realizador Marco Martins (Alice), já tem data de estreia: 9 de Março.
2017 marca também o regresso de dois clássicos da ficção científica realizados por Ridley Scott: Blade Runner 2049 recupera o filme de 1982 (com Harrison Ford a voltar como Rick Deckard), mas desta vez é Dennis Villeneuve (O Primeiro Encontro) quem realiza, e Alien: Covenant encontramos o próprio Scott a continuar a história do extraterrestre mais assustador da história do cinema. Ainda nas sequelas que têm muitos fãs em pulgas, nós inclusive, destacam-se T2: Trainspotting, o regresso de Danny Boyle às personagens marginais mais acarinhadas dos anos 90 e War of the Planet of the Apes, o terceiro episódio desta nova trilogia símia, novamente assinado por Matt Reeves (que fez um excelente trabalho em Rise of the Planet of the Apes).
Entre os filmes com potencial estreia em 2017, estamos ainda curiosos com Annihilation, mais uma incursão de Alex Garland (Ex Machina) na ficção científica, adaptando o primeiro volume de uma trilogia de Jeff Vandermeer e Dunkirk, o olhar de Christopher Nolan (Inception), sobre um dos episódios mais marcantes da Segunda Guerra Mundial.
E, claro, lá para o final do ano, consta que uma saga espacial pouco famosa, vai voltar a deixar todos empolgados com lutas de sabres de luz…
VAMOS A TODOS OS ESPECTÁCULOS, CONCERTOS E FESTIVAIS QUE PUDERMOS E A CARTEIRA PERMITIR
Em 2017 vamos fazer por ir a mais festivais. Apesar da confusão, de que outra forma podemos ver várias excelentes bandas em palco no espaço de poucos dias? Ainda não tem cartaz, mas já antecipamos o Vodafone Mexefest, o festival que põe o centro de Lisboa num alvoroço, mas ao som de boa música, e ainda na onda de festivais maneirinhos ansiamos pelo Andanças, o Festival do Crato e o Milhões. Os festivais da primeira liga já acenaram com as primeiras confirmações e, até agora, já iamos a todos: ao Primavera Sound, por Bon Iver, Justice, Angel Olsen e Miguel; ao NOS Alive pelos Depeche Mode, The XX e Ryan Adams e ao Super Bock Super Rock pelos Deftones e Red Hot Chili Peppers. Mas não só os festivais nos vão dar música neste novo ano. A 2 de Junho queremos estar no Passeio Marítimo de Algés a entoar, a plenos pulmões “Ohhhhh sweet child o’ mine” e a 26 de Junho, “I don’t wanna fall asleep/ cause I miss you baby / And I don’t wanna miss a thing” no Meo Arena.
Que o próximo ano seja gentil com as nossas carteiras, pois temos muita cantoria para fazer.
